sábado, 9 de julho de 2016


BALÕES ANTIGOS


 Elias Antunes



Era proibido dizer que a manhã estava
                                      enguiçada,
não queria submergir no caos
da história.
E um menino com seus balões mais que antigos
balia no cesto jogado no rio
                          do esquecimento
as moscas cantavam monótonas
                o voo dos estrumes
            resistiam ao verso furado
                        pelo fuzil.
Havia uma dolente aurora
sem a rotina do café reunindo
              os membros dispersos
           medo e insônia contemplavam
                  os uniformes do poder
Não sobrava tempo para a
corrupção do pranto, violão
empoeirado, garganta seca.
Abril empalava as sombras
           e o patriotismo e os
              heróis exaltados,
                   a resistência era
      um rato no
esgoto do tempo.


(texto publicado em julho de 2014, n 8)



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