BALÕES ANTIGOS
Elias Antunes
Era proibido dizer que a
manhã estava
enguiçada,
não queria submergir no caos
da história.
E um menino com seus balões
mais que antigos
balia no cesto jogado no rio
do esquecimento
as moscas cantavam monótonas
o voo dos estrumes
resistiam ao verso furado
pelo fuzil.
Havia uma dolente aurora
sem a rotina do café reunindo
os membros dispersos
medo e insônia contemplavam
os uniformes do poder
Não sobrava tempo para a
corrupção do pranto, violão
empoeirado, garganta seca.
Abril empalava as sombras
e o patriotismo e os
heróis exaltados,
a resistência era
um rato no
esgoto do tempo.
(texto publicado em julho de 2014, n 8)
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