quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A DANÇA DA VIDA DE MUNCH
Sara Timóteo
                 
Amas uma mulher de rosto azul.
Com os seus pés, ela
converte as minhas paisagens interiores
em miragens calcinadas pelos dias;
ela que, com asas vorazes, te arrebata de mim a cada momento.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Lembranças
Isabel Maria Alves Mezzalira

Como o triste marinheiro
Deixa em terra uma lembrança
E a saudade que o consome,
Assim, nas folhas da Vida,
Eu deixo meu pobre nome.

E se nas ondas da Vida
Minha barca for fundida
E o meu coração despedaçado,
Ao ouvir o canto sentido,
Do pobre nauta perdido,
Teus lábios dirão – coitado!

E dos seus olhos saltará
Uma lágrima viva e plena,
Que a tristeza desmanchará,
Dando forças e alegrias
A quem você achar.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

DESAFIO DE AGOSTO-DEZEMBRO 2016

Se você deseja participar do próximo número do Jornal Literário Olaria das Letras envie um microconto (máximo de 3 linhas- Times New Roman 12 com espaçamento) ou um poema para o e-mail:

O TEMA É “RELÓGIO”

Tanto o poema como o conto devem ter alguma relação ou no mínimo uma menção da palavra tema. Usem a criatividade, fujam dos lugares comuns.
Serão classificados 10 contos e 10 poemas, que podem integrar o Jornal. O primeiro lugar no conto e o primeiro na poesia recebem como prêmio simbólico R$100,00 (CEM reais) cada. 
As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de DEZEMBRO.
As 10 melhores poesias e os 10 melhores minicontos serão colocados no blog para votação online. As poesias terão período de votação a partir do dia 14 até o dia 17 de JANEIRO e os minicontos do dia 18 a 21 de JANEIRO de 2017, data em que será anunciada a classificação final.
Os classificados até a 10º posição concordam em ser publicados no blog e na página da Olaria das Letras no facebook.   
 Os candidatos assumem total responsabilidade pela autenticidade dos trabalhos enviados.



O envio implica na autorização para a divulgação dos trabalhos.




1ºLUGAR POESIA - AUTOR -PAULO CÉSAR



1ºLUGAR MINICONTO: QUE RAIVA! -SILAS CAMILO DE 

LIRA




Poesia Total Votes132


COUNT
PERCENT
COUNTRY
OVERALL
COTIDIANO
8
6.06%
6.06%
Guardada no íntimo
1
0.76%
0.76%
FURIBUNDO
4
3.03%
3.03%
Impossível
4
3.03%
3.03%
RAIVA
5
3.79%
3.79%
Certas vezes
3
2.27%
2.27%
7 autor: Paulo César
60
45.45%
45.45%
Estereótipo
17
12.88%
12.88%
9- Raiva
11
8.33%
8.33%
10-Raiva!
19
14.39%
14.39%


Minicontos    Total Votes124


COUNT
PERCENT
COUNTRY
OVERALL
ILUSÕES
10
8.06%
8.06%
Não há de ser o Lázaro
9
7.26%
7.26%
Escorrega numa poça (...)
1
0.81%
0.81%
Pronto Socorro
5
4.03%
4.03%
A fúria do senhorio
34
27.42%
27.42%
Moça pacata
4
3.23%
3.23%
QUE RAIVA!
42
33.87%
33.87%
As penas de Maria
6
4.84%
4.84%
ERA DIFERENTE
8
6.45%
6.45%
Somos nuvens (...)
5
4.03%
4.03%


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Minicontos para votação dia 18 a 21 de agosto


Minicontos para votação 



 1

ILUSÕES

Elias Antunes

Depois de tanto tempo andando sem sair do lugar, eis que surge um oásis à frente do sujeito cansado. E ele poderia beber e lavar sua raiva e dessedentar com alegria e bondade nos olhos, mesmo sabendo que tudo era miragem. 
           
2
Não há de ser o Lázaro
Fábio Granado Orfei
Durante todos aqueles anos uma aura incólume de senhora do lar. Nos olhinhos miúdos só uma veia a pulsar de raiva. Parou assim que ele morreu.

3

Autora: Sara Albuquerque.
Escorrega numa poça de suco no chão da sala, soltando o i-phone de última geração que, puft, cai de bruços, espatifando em pedaços sua tela de vidro. Porra! Quem derrubou essa merda no meio da casa e não limpou? Que raiva! E lembra que mora sozinho.

4

Pronto Socorro
Jordano Pereira Araújo

Assim que o reconheceu, ordenou que interrompessem a massagem cardíaca.

5

A fúria do senhorio
J.R. Siqueira
A raiva ainda não passara, me desobedeceram, não é?!, por mais que lhes prouvessem de um tudo, tinham que me desobedecer? a cólera fluía como chuva de fogo, como inundação, um pedido apenas que fiz...provaram do fruto, conhecimento para quê? Que sofram, agora, a falta de sabedoria. O jardim estava trancado desde então.

6
Moça pacata
Bruna Matos
Era uma moça doce, calma e paciente. Sempre disposta a ajudar, o bem do próximo estava acima das próprias vontades. Era muito amada, mas em seu íntimo o caos se instalava. Explodiu. Colérica, extravasou toda a raiva de anos. E finalmente foi feliz.

7
QUE RAIVA!
Silas Camilo de Lira

            Esperando a moça passar, tão linda, pela vidraça da janela do restaurante. Ele, sentado, de olho vidrado na calçada, ao mesmo tempo que degustava um delicioso yakisoba. De repente, alguém diz o seu nome em voz alta, na mesa ao lado. Ele olha, ela passa. Que raiva!

8
                                              As penas de Maria
Lizziane Negromonte Azevedo
A cada bofetada, um gemido. Ele se regozijava ao ouvi-lo. Enquanto que ela alimentava o ódio com que o mataria. Mas não dava bandeira, fingia que doía.
9
ERA DIFERENTE
Ricardo Gualda
Não era o som do zíper de metal raspando na parede (também de metal) do elevador. Não era o tom de voz anasalado da recepcionista. Não era a criança berrando no ônibus. Não era o patrão mandando. Não era o ar condicionado quebrado e a janela travada. Não: raiva era outra coisa.

10
Autor: Eni Ilis


Somos nuvens carregadas, trovejamos, enegrecemos de tanto peso do que não chove em força. Somos nuvens, será que um dia o desmanchar?  Arrebentar em gritos e força todo o contido? Depois da tempestade... o silêncio livre

domingo, 14 de agosto de 2016

Poemas para votação -dias 14 a 17 de agosto


1

COTIDIANO
Leo Guimarães

Trocando meus passos já estranhamente desajustados
(como os dos demais)
me coloco a caminhar por entre uma multidão de pessoas estranhas
almas indiferentes que se comunicam com olhares de guerra
canibais que se distanciaram do respeito aos nossos primitivos
numa fajuta antropofagia carente de fé na força emanada da natureza.

Meu equilíbrio interior oscila entre
o sossego do universo individual e monossilábico
e a notícia da morte de um homem no jornal de domingo
uma banalidade construída à dedos frios
levada a efeito por uma pistola já acostumada a resfriar
a existência de tantos outros pais
muitos outros filhos.

O estresse emocional da leitura faz cair
sobre uma daquelas letras um pedaço de mim
do homem que atirou
que o tirou de nós, e fez o céu cair na foz
de um penhasco deontológico derrotado
ainda tão distante de nós.

Se a raiva incrustada no homem
na flor florescesse, nossas rosas nasceriam
desbotadas e com espinhos já a sangrarem
pelos ferimentos abertos na cópula
do cálice da pétala do homem caído sem vida
naquela página de jornal...
que eu passo!
Mas já não havia como fugir da infelicidade
aquele pedaço meu, caído diluído no cinza do papel
já anunciava ao meu subconsciente
que o poema da vida perdeu mais um poente sobre o qual recostar.

Seus versos já me causam ardência nos olhos
carência de sentido, de coerência entre o que não se mede
o que se bebe, para o maldito dê o que se pede
numa compreensão trágica da transparência do outro
que se apresenta aos olhares do mundo
ainda como um pedaço estranho...
e indiferente...
daquilo que é pouco.

2

Guardada no íntimo
Rômulo Reis Oliveira

Estou na música, nas séries, nos filmes,
Jornais, telenovelas e programas de TV!
Estou nas ruas, nas casas,
E dentro de você...

Estou nas bandeiras de um protesto
Na voz de um ditador cruel
Nas mãos de um poeta modesto
Que me transfere para o papel

A discórdia é minha progenitora
A discordância de pensamento
Nasci nessa união confrontadora
Meu pai é o desentendimento

A inveja é minha legitma irmã
O ciúme é um primo distante
Quando Eva comeu a maçã

Fiz o criador mudar o semblante
No cenário daquela manhã
A serpente era uma atriz coadjuvante

Estive em vários momentos da História
Com os grandes lideres em sua glória
Até mesmo na propria fé cristã
Nos territórios de suas conquistas
Na tal "Supremacia alemã"
No regime furioso dos nazistas

A minha família é extensa
Tenho tantos frutos afinal
Eu dei luz a indiferença
E o desprezo é um filho original
Depois eu concebi a maldade
A violência, a crueldade e o aborrecimento
Gerei no ventre a impiedade
Todos nasceram de um parto violento

Eu vim com os anjos caídos do céu
Na terra instituí minha doutrina
Sou um soldado em Israel
Sou um combatente na Palestina
Estabeleci minha trajetória assim
Exercendo o meu papel
Estive ao lado de Caim
Na morte de Abel

Eu tenho inúmeros apelidos
Ódio, cólera, Ira, Furor!
Veja como somos parecidos
Eu e qualquer agressor

Para completar invadi o mundo animal
Torne-me uma doença canina
Para livrar-se desse mal
Somente com uma vacina

Não me mande embora
Por favor não me abandone!
Vou te dizer agora
-Que raiva é meu nome.

3

FURIBUNDO

Elias Antunes

Devo inventar algum aparelho para
                 medir o pranto e a raiva?
interpor este corpo de palha
           entre a fúria e
               o louvor?
         acender a pira da
                 memória,
         como plástico incandescente
                    na ponta de uma
              vara, derramando
                    sua lava particular
           no formigueiro
                  (humano)?

4


Impossível
Wlange Keindé

Afio meus dentes a ferro
Só para morder o travesseiro
Deixo meu cabelo crescer
Só para arrancar fio a fio
Deixo minhas unhas crescerem
Só para rasgar minha pele

E com meu próprio sangue
Escrevo em meus olhos:
É impossível
– impossível! –
Amar sem desespero

5

RAIVA

Yug Werneck

Quando a raiva me toca
E acorda cada parte de mim
Olho a vida que pulsa
Num convite à destruir
Eis que danço a explosão
De tudo aquilo que precisa emergir
Respiro profundo, busco palavras no escuro
Relembro o valor do que construí
Que não é mais para mim,
Nem só por mim
Já existe, e é
E fim
Despretensiosamente?
Há que eu finco os pés
E deixo com que se afundem raízes
O ar sempre sopra
Com sua brisa em convites
Para voos rasantes
Mas meu nutriente agora vem da terra
Tão árida e sábia
Misteriosa, infindável
Singelas alegrias
Delicadeza e detalhes
Perene perícia, suas singularidades
Fogo que arde e flameja
Soltam faíscas ao ar
Que explodem como fogos de artifício
Embelezam e morrem
E voltam a embelezar
Ah se arrancasse do peito
Aquela palavra tão certa
Que sintetiza o louvor
Que vive por trás de cada atitude
Que faz do humano um sobrevivente da luta
A luta, aquela
Que reconhece a si e ao outro
De cada um, um pouco
Sem querer prevenir
Sem ter mais o preparo
Do que está por vir
O que será não existe
É um eterno emergir
De sombras e luzes
De ordem e caos
De fluir tão certo, que se esvai
Quando o concreto, tão reto
Nos coloca no cais
Do mundo.

6

Certas vezes
Lara Aguiar


sanção de espelhos
multiplicam a mesma
sessão de imagens
provocantes; incitantes

as vezes ódio
cem vezes
as vezes nada

outros caprichos
num fato consumado
secreto
fatal conformado
se formam
entre pés pequenos
que ainda não caminham

quantas exigências
e mais um mimo
sacrilégio nenhum
ocupa a função
do eu
que é meu meio
sentimentalista

a substância indica
(não sacia)
sensação indescritível
de um bípede com pés
que ainda não caminham
e mesmo quando soube
foi terminante

as vezes proibido 
com vezes explorado
em raiva

contudo devorado
mais vezes que algumas
menos vezes
nenhuma.

7
Autor: Paulo César

Esgotos lambendo de infinito minha alma pútrida…
Ao longe, lixeiras cantando Vida… Veludo negro
Cola-se-me ao corpo de plástico… Fedor poral.
Esqueletos gordos de ratos chiam aqui, ali… em mim!
Sol de inverno parado no Ocaso… Fali de sonhos.
Pássaros grunhem azul… porcos ladram queimaduras da Lua.
Ó que pocilgas feitas de vácuos do sentir pobre me amarram!
Poço imperfeito… águas musgo de um passado seco.
Autocarros esmagam nuvens em desertos de areias movediças,
O “Requiem” de Mozart sobe nas chamas dos pneus em fogo
E berros meus ouvem-se em surdez imóvel.
Inverno… 17horas… hoje, amanhã, depois…
Avanço suspenso de um tempo igual sempre o mesmo.
Chegam-me vislumbres do depois daqui,
Um sítio sem espaço para além de mim,
Portão maciço de fumos suspeitos é barreira do corpo…
Vísceras caindo devagar…Cabeça sem crânio… Vermes…
Esperança nula de me não sentir meio-eu,
Furacões de ter-me de raiva numa outra vida.


8

Estereótipo
Tiago Alves

Olho no espelho e desconheço
o rosto que ali está exposto,
é face que meio a contragosto
reflete amargura verdadeira.

Por ter amado a vida inteira
um ser que era seu oposto,
de modo que ali está proposto
desnuda hercúlea bandeira.

A cólera em todo seu furor
desmancha aquele estereótipo
de forma que até lhe falta o ar.

Doravante procura o seu lugar
a alma em lânguido protótipo
vagante em busca do amor.

9

Raiva
João Videira Santos

a raiva
é um grito
que se guarda no fole,
um grito dito
sem que a verdade se esfole.


10

Raiva!
 Marília Santos

Raiva muito raivosa
Raiva de sentir raiva
Quero adormecer
Quero acordar
Sem sentir raiva

Quisera eu ter o poder
De apagar a raiva
Dos corações
E até mesmo do planeta

E assim a raiva
Seria transformada em paz e amor!!