quarta-feira, 28 de maio de 2014


Textos classificados (não publicados) no Desafio Literário de Fevereiro



3º Lugar- Tahira-Can Campos Machado Sanches –
Iguais e diferentes

Era uma segunda-feira como qualquer outra. Um dia quente, o céu azul meio embaçado, como é comum em lugares onde o clima é seco. As pessoas ainda meio sonâmbulas iam e vinham apressadas para chegar a tempo no trabalho, escola e outras obrigações normais do dia-a-dia.
Sentada naquele ponto de ônibus comecei a fazer o que sempre faço quando estou em lugares cheios de gente. Comecei a observar rostos, expressões e atitudes daquelas pessoas ao redor. Analisando assim podia ver muitas diferenças que me fizeram pensar em como o ser humano é diversificado mesmo sendo da mesma raça, cultura e país.
Antes que eu tivesse tempo para analisar cada um dos que estavam parados ali comigo chega o ônibus que quase todos estávamos esperando. De repente, todos juntos correm em direção à mesma porta, e no meio da correria fico no fim da multidão esperando para poder subir também. Mas algo impressionante acontece naqueles poucos segundos. Uma mulher no meio da multidão olha para trás e vê que um ônibus com o mesmo destino para.
- Outro ônibus! – ela grita enquanto corre em direção a ele.
Não deveria ter me surpreendido tanto com o que aconteceu em seguida já que várias vezes vi a mesma cena se repetindo. Sim, todas as pessoas na minha frente, desesperadas e com medo de ser prejudicadas correram para pegar o ônibus de trás.
- O de trás deve estar vazio, vamos! – uns diziam.
- Rápido que vai embora e nos deixa!- uma mãe falava para filhinha enquanto arrastava a pequena pela mão.
Continuando com minhas reflexões anteriores aquelas pessoas já não pareciam tão diferentes umas das outras. Agora, diante de mim já não havia ninguém além de uma senhora de mais idade que já tinha o primeiro pé no degrau do ônibus e que olhava para trás com uma expressão triste como se dissesse:
- Ah se eu tivesse quinze anos menos... Estaria subindo naquele outro ônibus antes de todos.
O motorista, acostumado a me ver naquele horário, me recebeu com um bom dia e um sorriso entre alegre e zombador. Disse-me:
- Não quis pegar o ônibus de trás?
Parada na roleta olho pra dentro todos os bancos vazios, olho de novo para o motorista e com um sorriso de alívio respondo:
- Acho que prefiro viajar sentada.




4º Lugar -A primeira viagem de ônibus
     Marli Schiefelbein Arruda

            Aninha morava com sua família numa cidade  do interior. Mudara-se para lá, pois ela faria sete anos e frequentaria a escola. Antes morava num pequeno vilarejo chamado Alegria onde ficou sua amiga Mara. O pai de Mara administrava a pequena rodoviária do local juntamente com um bar. Ficava no centro do pequeno vilarejo.  As amigas visitavam-se com frequência. Os pais também eram amigos.
            Num feriado, a família de Aninha foi visitar a de Mara. Foi muito gostoso.  As duas mataram a saudade e brincaram muito. Quando chegou a hora de ir embora, Aninha pediu para ficar, afinal não teria aula. Somente na segunda-feira. Os pais não permitiram, pois  não poderiam buscá-la. O pai de Mara então disse:
            - Deixem ficar. As duas brincam e conversam. Não incomodam. Deixa que eu coloque ela no ônibus das 17h domingo.  Vocês só a buscam  na rodoviária.
            -  Será? Ela nunca andou de ônibus sozinha.
            - Bem, sempre há uma primeira vez  - concluiu com praticidade
            - Você nem trouxe roupas e vai ter que voltar de ônibus filha. Você quer?
            - Sim. Quero brincar mais. A gente fez uma casinha muito legal e roupas para as bonecas.
            - Eu empresto roupas pra ela – disse Mara.
            - Presta bem atenção no que o tio vai te explicar e se cuida, filha.
            Depois de muitas recomendações e abraços, foram embora e deixaram a menina.
            Os dias passaram rápidos e as meninas aproveitaram mesmo o feriado. Quando a mãe de Mara chamou para que Ana fosse arrumar-se para pegar o ônibus, as duas não acreditaram.
Despediram-se e o coração de Aninha começou a bater forte com um pouco de medo. Nunca viajara sozinha. Ao ver o pai de Mara falar com o motorista, ficou mais calma. As duas abraçaram-se forte e prometeram visitar-se em breve. Ana acenou até perder Mara de vista. No ônibus muitas pessoas conversando, outras olhando a paisagem. Ana, carregando sua mochila com brinquedos sentou-se ao lado de uma mulher. Conversaram um pouco e ela contou que voltava para sua casa na cidade mais próxima. A mulher contou que iria mais adiante visitar sua mãe. De repente, o ônibus parou num lugarejo onde havia uma igreja, um salão de baile, uma casa,  grandes árvores e outro ônibus. Quase todos desceram do ônibus e embarcaram no outro. Ana olhou para todos os lados e disse:
            - Nossa! Por que quase todos saíram do ônibus e foram para o outro?
            -É porque eles vão para Três de Maio. Ei... você também disse que mora lá. Se você vai para lá, precisa trocar de ônibus,  pois aqui eles fazem a baldeação.
            Aninha vendo que o outro ônibus já estava com o motor ligado, ficou nervosa, saiu correndo e gritando:
            - Espera tio. Espera que eu também vou  pra Três de Maio!
            Ao sair, correndo, a alça da mochila engatou no guarda-chuva de uma senhora e ela caiu. A senhora         ajudou-a  a levantar-se e o motorista que havia esquecido da menina, fez sinal ao outro para que aguardasse. Ana continuou  correndo e gritando para que lhe esperassem. Quando alcançou o veículo, sentou-se, trêmula. Todos a fitavam. Sentiu vergonha, raiva do motorista que não lembrou  do combinado e alívio por estar ali. Quando se acalmou, perguntou  a moça que lhe sorria:
            - Vai ter outra baldeação? Ou agora vai direto para Três de Maio.
            - Agora vai direto.
            - Ainda bem. Eu não sabia que tinha que trocar de ônibus. Nem quero pensar onde eu pararia se ficasse no outro.
            A moça riu  e perguntou como ela estava viajando sozinha. Que corajosa!
- Corajosa nada! Ainda estou tremendo.  Mas agora eu já sei:  eu quero sempre ônibus direto.
As duas riram e ao chegar a sua  casa Ana teve muito o que contar. Nunca se esqueceu da sua primeira viagem sozinha.


5º- Lugar- Aryane Silva –Fato Real

Eu perguntei à dona Lili quem era o cara da foto que dormia embaixo de seu travesseiro todas as noites. Ela me contou, com palavras carregadas de saudade que ele era seu Paulo, seu segundo marido e único amor. Que em um belo dia ele acordou cedo e com uma cartela promocional de jornal em mãos, despediu-se da esposa com um beijo na testa e disse para os enteados que iria à banca em outro bairro trocar os selos por uma moto em miniatura, garantindo mais um item para sua coleção.
Ela se levantou do colchonete, olhando ternamente para a fotografia.
- Meu coração estava apertado, eu não queria que ele fosse, mas teimoso como uma mula, pegou a bicicleta e foi. Depois de uns minutos, recebemos a notícia que ele tinha sido atropelado por um ônibus no bairro vizinho e não resistiu. Desde então, eu morro cada dia um pouquinho.
Ela voltou a se deitar e beijou o retrato, antes de colocá-lo novamente embaixo do travesseiro.
Ela pegou no sono rápido. Eu não tive a mesma sorte. Fiquei pensando em tudo o que aconteceu, naquele ritual amoroso que ela fazia todas as noites com a lembrança do marido morto.
No dia seguinte, quando acordei, ouvi um choro baixinho e até imaginei o que fosse. A mãe dos meus irmãos estava dentro de um dos quartos da casa, com a porta encostada. Minha curiosidade aguçou e eu entrei sem ser convidada. Ela estava sentada em uma cadeira, com as cortinas fechadas, espanando alguma coisa. Quando a luz do corredor entrou no cômodo, fiquei pasma! O quarto estava lotado de estantes com miniaturas de ônibus colocadas estrategicamente nas prateleiras. Cada réplica era quase idêntica aos veículos originais, com os mínimos detalhes talhados na madeira e pintados. Parecia uma loja de brinquedos, mas sei que não se tratava disso.
- Engraçado como é a vida, não é Ane? Meu marido dedicou a vida inteira para essas réplicas, era conhecido pelo seu talento e, no final das contas foi um desses que o levou de mim.
Ela continuou a espanar. E eu pensei como a vida é irônica às vezes.



6º Lugar- Osvaldo Valério- Sai da frente que quero passar!

Arrumei a gravata cantarolando uma música alegre me mantendo feliz por ir trabalhar. Cinco minutos haviam passado do horário que costumo sair. Peguei a pasta desci as escadas a mil. O cheiro de café me fez diminuir a velocidade dos meus passos. Respirei fundo sentindo o aroma vindo da cozinha, mas não tinha mais tempo para tomá-lo.
 Não trabalho longe, são os obstáculos do caminho que impedem a minha chegada rápido.Entrei no carro acelerando, me sentindo o Rubinho Barrichello, principalmente quando tive que parar atrás do ônibus que soltava uma fumaça preta do escapamento, o perfume que havia passado fugiu do meu corpo!
É impressionante como cinco minutos que saímos atrasados faz uma grande diferença no trânsito de São Paulo. A fila de carros era enorme.
O que me irrita é a bondade de nós brasileiros. Segue um carro atrás do outro em fila e ninguém reclamam. Mas, não é reclamar com o carro do lado que não deu seta e entrou na sua frente, e sim, com as autoridades responsáveis. Exigir um meio que resolva esse problema.
Fiquei pensando o que fazer no trânsito. Alongamento seria uma boa! Podia também, mandar as crianças que fazem marabale no farol para escola e colocar no lugar um Circo fazendo seus espetáculos. Como os paulistanos não têm tempo ou dinheiro para cultura, então vamos levar a cultura para eles e, para atingir o público máximo, nada melhor, que no trânsito.
Imagina: respeitáveis motoristas! Sei que vocês queriam estar em outro lugar, como não tem outro jeito. Vou lhe apresentar o meu número. Um aviso de última hora: os palhaços não vieram, eles não queriam concorrer com vocês ai dentro do carro!
Fui tirado da minha utopia pelo barulho de uma sirene pedindo passagem. Pensei: “ir para onde”? Vi carro na frente, atrás, do lado, joguei o meu no canteiro. Fiquei indignado com algumas pessoas que pensam que são espertas e vai seguindo atrás da ambulância para fugirem do trânsito podendo causar um acidente. Brasileiros sempre querendo tirar vantagem!
Depois de muita angústia e paciência consegui chegar ao trabalho. Começando o dia irritado, porque se peguei trânsito para vir, pegarei para voltar. Mais como sou legítimo brasileiro que aceita tudo do Governo, vou continuar meu dia buscando paciência, não sei aonde, para voltar pra casa. E assim seguimos em frente, ou melhor, tentamos...


7ºLugar- Elicio Santos do Nascimento- Câmera Aberta

   Mais uma tarde de ônibus à escola. Contexto árido e sufocante, gente se entupindo conformada ao seu bolso pouco. Suspirava de tanto tédio a ponto de chatear a parceira desconhecida de assento.
   Ela me encarou algumas vezes como se a devesse explicações do meu caso, uma mulher de aparentes trinta anos, muito branca, nem magra nem gorda, pronta a me examinar com olhadelas curtas e fundas. Disfarçadas, porém certeiras. Não era feia; suas feições e cabelos até que me diziam alguma coisa de fêmea, mas nossa absurda diferença de idade queimava qualquer interesse da minha parte.
   O meu amigo Moacir, que tomara o buzú comigo lado a lado, ficara uns dois bancos à frente após ceder lugar a uma velhinha curva. Somente ele não fisgou o auge da viagem... Se alguém me perguntar como se pode desperceber uma briga num veículo lotado, confesso que isso deve pertencer a algum oráculo!
   No meio da desatenção conjunta ela se aproveitou!... Dedilhou leve a minha perna até a roça que me domou. Pensei em condená-la publicamente ou abater sua intenção – que eu já sabia o cumprimento, mas simplesmente paralisei. Deixei que fizesse o serviço... Minha puberdade insistida ditava-me o curioso. Erigi ali minha primeira subida ao título de macho. O risinho sacana daquela diaba até hoje me inculca. Alisava o meu membro trêmulo como uma cadela satisfeita... Foi-se normalmente à saída sem qualquer desculpa ou explicação, ao menos implícita... Nada!
   Moacir é uma piada...  Sair de um orgasmo público a seco!... Sinceramente, essa imaginação fértil pertence a poucos. Findamos o ensino médio, arrumamos emprego, e ainda como vizinhos, o mesmo: eu escarnecendo-o às gargalhadas e ele confirmando o improvável, pra toda galera de conclusão vaga.

  



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Textos classificados (não publicados) no Desafio Literário de Janeiro 



5ºlugar – Os dilcumentos de Seu Aldrovando – Delmar Bertuol

Os Dilcumentos do Seu Aldrovando
            Precavido e receoso de esquecer algum item importante, sobretudo a gilete de barba ou o remédio da pressão, Seu Aldrovando arrumou a mala na véspera. Era a primeira vez que ia pro estrangeiro. Também nunca tinha andado de avião.
            Tal qual uma puta velha, que por ossos do ofício já viu e ouviu de um tudo nesta vida, Seu Aldrovando, por motivos diversos aos das meretrizes, também já havia visto um bocado de coisas. Não se impressionava com qualquer expediente. Não estava, portanto, temeroso de andar de avião. Cético, como são os idosos e as putas velhas, sabia que não correria maior perigo de que quando andava com o seu Gol 92 nesse insano trânsito.
            No aeroporto, a filha o conduziu para o xêquim. Sua esposa, também estreante nesse tipo de viagem, estava maravilhada com o luxo do terminal aéreo. Seu Aldrovando, por sua vez, procurava o banheiro. Queria fazer xixi antes de embarcar. Decerto que até chegar ao Peru é um bocado de tempo. Quando despacharam a mala do Seu Aldrovando naquelas esteiras intermitentes, ele entrou em desespero. Solicitou ajuda da filha.
-Meus dilcumentos, filha. Meus dilcumentos ficaram todos na mala.
            A filha, gracejando da situação, tratou de acalmá-lo. A bagagem iria junto no avião. Na chegada ele pegaria os “dilcumentos” de volta. Dentro do avião, a esposa do Seu Aldrovando não escondeu um receio quando ouviu o barulho das turbinas. Apertou muito a mão do seu marido que, por sua vez, deu-lhe três tapinhas com a outra mão na face da mão desesperada, para acalmá-la.
            Já em outro país, Seu Aldrovando não achou nada demais a Cidade de Lima e arredores. Ao contrário dele, sua esposa estava maravilhada com tudo. Gostava, ao contrário do marido, de novidades.
Mais experientes, na volta pra casa tudo foi mais tranquilo. Mesmo assim, Seu Aldrovando teve que novamente acalmar a mulher na decolagem. Antes disso, porém, levou de súbito a mão à altura do peito. Ficou tranquilo. Os dilcumentos, dessa vez, estavam no bolso da camisa. 



6ºlugar- Douglas Velloso

Minha querida filha. Dessa vez espero que você ultrapasse as primeiras linhas do papel. Escrevo a você para que se lembre de seu pai. Faz vinte anos que você deixou a casa que nunca lhe acolheu. Uma frase que você mesma ainda deve dizer. Esse lugar nunca me acolheu. Faz vinte anos que você deixou seu pai, marcada pela dor da incompreensão.  Seu pai é um homem rude, machista e infiel. Você sabe que tudo na vida dele foi um mar de rispidez e ignorância. Sim minha filha, ignorância. Seu pai não teve a oportunidade de ver nada nascer, nem sequer o que ele mesmo plantava. Sua única ordem era o cansaço.  Sua única certeza era que o sol era o seu relógio. E hoje ele nem sequer pode enxergar o tempo. Sua única diversão é a bebida, seguida por gritos de ordem. Minha filha, seu pai não é um doente ou um escravo da cegueira. Ele é apenas incapaz de mudar de opinião.  Nem você, a coisa mais perfeita que ele teve nas mãos, fez isso mudar. Sei que as últimas palavras dele a você hoje são cicatrizes; que você percebe no espelho, quando chora. Minha filha, não peço a você que apareça ou que escreva palavras falsas em um papel qualquer. Peço apenas que você se lembre do seu pai sem mágoa ou rancor. Apenas busque perdoá-lo, lembre que ele precisa de ajuda, e não de acusações. O tempo já lhe mostrou as consequências, as reações. Seja mais inteligente do que ele e não deixe para resolver essa mágoa quando seu pai se for e você ser inundada pelo remorso. Lembre do seu pai, por o momento de um instante. Reze por ele, se ainda acreditar em Deus. Quanto a mim, não se preocupe. Estou feliz em perceber que tudo que passei me faz hoje perceber que os erros que cometi não se repetirão nunca mais. Mesmo porque hoje já não me resta tanto tempo assim.
Doug Velloso


7ºlugar- A viagem – José Huguenin


A viagem
Por: José Huguenin

         Enquanto caminhava na passarela a caminho da decolagem lembrou-se com emoção do dia em que sua vida transformou-se. Neste dia pôde ouvir seu coração enquanto corria para casa de seu Homero, dono da única televisão do vilarejo. Ele sempre chamava a todos para assistirem aos grandes eventos.  De longe, via  o povaréu na porta da sala. Em sendo pequeno, foi ocupando os espaços, escorregando entre os presentes na sala apinhada. Seu Homero usava terno. Era uma ocasião solene. Chegou o mais perto que pôde. A imagem era ruim. Era um dos poucos que acreditavam no feito. Ouvia-se entre os chiados:
-       Um pequeno passo para um homem...
    Um barulho o desperta. Uma porta se abre e ele entra. Acomoda-se no assento e afivela o cinto. Lembra-se de quanto medo sentiu quando partiu em busca do sonho e agora esta ali.
-       … um salto gigantesco para humanidade! Continuou a lembrar...
      A família não foi despedir-se dele quando saiu do vilarejo. O tinham por louco e fora deserdado.      Clarissa foi. Morena com os olhos da cor de dia ensolarado. Pelas lágrimas derramadas, mostrou corresponder ao amor que declarou a ela no dia anterior. Quase desistiu do sonho, mas o ônibus já havia partido. Deixou-se ir.  A família, agora, estava ali para as despedidas de praxe por ocasião destas viagens. Menos Clarissa. Já havia tomado outro rumo.
         O comando avisa à tripulação que iriam partir.  Ouve seu coração como naquele dia. Inicia-se, enfim, a contagem regressiva:
         - Cinco, quatro, três, dois, um!