quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Votação resultados

POESIA -maior votação: REM- Natanael Otávio

CAVILAÇÕES 4.29%  (3 votes) 

O relógio 10%  (7 votes) 

A Joia sem Pudor 1.43%  (1 votes) 

Relíquia 1.43%  (1 votes) 

Tic-tac 4.29%  (3 votes) 

Impressões sobre o tempo 0%  (0 votes) 

Tempo 1.43%  (1 votes) 

Transitório 7.14%  (5 votes) 

REM 67.14%  (47 votes) 

Lapso do beijo 2.85%  (2 votes) 


MINICONTO -maior votação: A vida de quem ainda não descobriu a internet -Anna Oliveira

1 3.14%  (6 votes) 

2 0.52%  (1 votes) 

3 11.52%  (22 votes) 

4 4.19%  (8 votes) 

5 3.14%  (6 votes) 

6 27.75%  (53 votes) 

7 0.52%  (1 votes) 

8 32.98%  (63 votes) 

9 16.23%  (31 votes) 

10 0%  (0 votes) 







Minicontos para votação -dia 19 a 23 de janeiro 


                                                                              

               1
PERDAS SEM GANHOS
Elias Antunes
Este aparelho que está em minhas mãos não serve para dizer o quanto espero, o quanto andei atrás, o quanto trabalhei, suei, vinguei, morri e perdi. O relógio está quebrado.
2

Clara Sznifer


Para correr, acorda o relógio. Para amar, já esqueceu de desacordá-lo!


3
Perda de tempo
José R Siqueira
                Descendo a grande duna, ia meditando sobre sua existência. Não sabia se ia ou vinha de algum tempo. Meditava. E, nesse estado, deu de encontro com uma barreira de vidro. A areia ia-lhe fugindo por sobre os pés. Olhou para cima e avistou uma enorme cobertura de madeira por céu. Veio o estalo natural das descobertas tardias: seu tempo esgotara.

4

RELÓGIO DE MINHA SALA
Cláudio de Cápua

Aquele relógio cuco, parado, na parede de minha sala, em outra época, já foi ditador dos tempos. Hoje, sem função, tem um consolo, duas vezes por dia, está  absolutamente certo.

5
Carolina Ramos
No relógio da Sé, quase meia noite... Sonhava ser feliz! Só uma estrela, no céu da esperança! Rua deserta...a alma, também! Longe, um vulto! Abriu-lhe os braços... Aquele Pai Noel, sem lar, dividiu com ela um sonho...sua ceia de Natal. Meia noite! Uniram-se os ponteiros... eles também!
6
O assassinato do tempo
João Alberto de Faria e Araújo

Mataram o tempo! Dizia – em prantos – o relógio de pulso. Seguindo uma pista, os ponteiros das horas prenderam o dos segundos, que foi visto fugindo da cena do crime. Interrogado, confessou: um ácido venenoso fora a causa mortis. A pilha, a principal suspeita, não foi encontrada. Tinha vazado.  

7
O TEMPO ENQUANTO FIM
Paulo Silas Filho
O relógio restava inerte. Seus ponteiros já não mais moviam. O sangue do seu dono também não mais corria. O alvo foi atingido algumas vezes. Sucesso. Corpo e objeto foram atingidos. O tempo ali findou, no corpo e no espírito, no concreto e no abstrato.
8
A vida de quem ainda não descobriu a internet
Anna Oliveira

Tic-tac. São três e trinta. Tic-tac. O trânsito continua infernal. Tic-Tac. São três e trinta e sete. Tic-tac. São três e quarenta e quatro. Mais dois semáforos fechados. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac. Passou das quatro. Fica para amanhã pagar o boleto atrasado.


9
Parto
CRISTINA ALMEIDA CRISPIM
- Passa o relógio e a mochila! O tic-tac lembra uma bomba; tudo girando em volta. Faca colada no ventre de oito meses, recuo. "Nem respeita inocente! Pense rápido..." Abro a pulseira, deslizo na parede e imito fêmea parindo. Deu certo; foi-se, de medo. Fica a mochila e, no bolso, R$ 800, 00.

10

JAMES BOND
Roselaine Hahn


O relógio tiquetaqueou um quarto de hora passado das doze. A maleta abriu-se. A multidão esbugalhou os olhos na granada, na escopeta, na caneta. O relógio parou no silêncio irritante de agente secreto. Ao menos ele não disse: “Meu nome é Bond, James Bond.”

sábado, 14 de janeiro de 2017

Poemas selecionados para votação até dia 17 de janeiro

1

CAVILAÇÕES
Elias Antunes

Ruminando os capins da memória.
Manada era seu nome, pois muitos havia.

Um cão latindo contra o não.
Contra o relógio do tempo.

Esse corpo preso em
Jaulas/apartamentos,
Contaminado pela
Ferrugem dos anos.

O tempo cai como
Chuva de fogo
Sobre esse corpo
Decrépito
Que amou e sofreu.


2


                  O relógio
Reginaldo Costa de Albuquerque


Velho relógio de parede altivo,
tarde dormita na moldura fria;
cedo palpita em tom evocativo,
num eucológio anunciando o dia.

Às vezes, creio que ele é um ente vivo,
um anjo à toa que a memória cria...
Salta, anda, voa... Canta sem motivo...
E agrada em cheio sua voz macia!

Gentil assim, terá crenças?... Bondade?...
Eis que o jardim trescala uma saudade!
Surge de luto um sonho fenecido...

Num gesto bruto, atira o objeto fora!
Na agitação, o tique-taque implora...
Treme, no chão, meu coração partido...


3


A Joia sem Pudor
Maria Caroline Stone

Me sinto como um estranho
caminhando
em desertos lotados
á passos folheados por um Vazio sem Pudor
regulado

O teu Amor 
costumava ser o meu Rancor
e tua Dor, o sabor

Só que naquele átomo de instante
                                                 - último verbo dos versos malditos-
                                                  dominical,
os seus Olhos tornaram-se as horas iguais
de um relógio sem pilhas
que me esqueci de explodir mentalmente
                            [em minha ilha].



4

Relíquia
Dayse Sobral

Eu queria guardar todo o tempo dentro de uma caixinha minúscula, assim tão miúda que coubesse dentro da minha mão. Eu queria registrar o momento exato da chegada sem esquecer a tua saída. Guardar tantos olhares fugitivos e os passos mais apressados...



5


Tic-tac
Emanuela Rodrigues


Tic-tac, segue o pêndulo indeciso;
Tic-tac, caem pingos de goteira;
Tic-tac, o cardíaco regressivo;
Tic-tac, no abismo de areia.   



6



Impressões sobre o tempo
Thássio Ferreira

À fluidez ácida dos dias e horas
contrapõe-se o bruto imobilismo cáustico dos minutos
rígidos, duros, incomunicáveis,
indissolúveis nos abstratos vazios entre si.
À miscelânea de sóis e luas
e sonos e sons
os minutos permanecem puros,
sem se misturar, sólidos, conflituosos,
relutantes em ceder lugar a seus companheiros?
Não! Seus seguidores? Não! Seus oponentes,
enquanto seus mestres, seus patrões
entregam-se a orgias
mesclando-se e fundindo-se uns aos outros.

Mas essas são apenas impressões sobre o tempo
que as engrenagens dos relógios não podem ouvir...


7


Tempo
Rosana Mezzomo Oliveira

Tanta gente que passa
Tanta gente que fica
Tantos anos sem graça
Tantos anos sem vida.
Mudanças...

Anos viram velhos
E novos
“No meu tempo”
“Agora”
“Daqui a cinquenta anos”
Mudanças...

Fotos amareladas,
Rosadas, marrons.
Um arco-íris
Na antiga caixa das recordações.

Momentos vividos
Momentos a serem vivenciados.

Memórias para recordar,
Datas importantes,
Dias ruins para não lembrar,
Tudo está sempre a mudar...

O relógio não para,
O tempo não cessa,
E a cada segundo
Crio novas memórias
Crio novas ideias
Para sempre guardar.


8


Transitório
Jessyca  Santiago


Muro de tijolo maciço,
Telha de forno de barro,
Feira nas manhãs de sábado
Bem cedo em frente a igreja.

Um cão deitado na rua
Observa o carro que passa,
O relógio no centro da praça
Já há muito não quer trabalhar.

Ninguém avisou que é Inverno
Á flor a beira da encosta,
As crianças correm descalças
Por onde o tempo caminha devagar…

De belo e eterno, dizem ser, só o
Sonho, mas a memória eterniza
A brevidade da gente dessa cidade
Que não se importa de com o tempo
Passar…


9


REM
Natanael Otávio

Aproximam-se
Os ponteiros do relógio
Da hora marcada para despertar.
Sempre estou voando,
Mas nunca sei aonde irei pousar.
Por isso estou deixando
Uma trilha para saber voltar.
Imagens póstumas e viventes,
Verdades distorcidas em sonhos eloquentes:
Um palácio de vidro,
Um gato latindo,
Uma bruxa que, de repente,
Se transforma em meu amigo...
Canta à beira de um lago uma mulher,
Remam em dissonância dois remadores,
Um para voltar e o outro para seguir seus labirintos.
Ela estava à beira de um lago ou de um abismo?
Nua Minha Sua (de) Ninguém.
Ela irá embora,
Tudo irá embora,
Quando o relógio despertar.


10



Lapso do beijo
Anderson Carlos Maciel


Soa
Flui, acordo, trôpego
E clichê.

Ele
O tempo, - e você

Dia cinzento
Aqui, dentro, - do peito
Um pleito em te ver

Contra o relógio
Poemas, unguentos das horas
Afora o sentimento
Atômico
Randonômico

Sofro, - olho
Confiro, infiro, - choro
Tropeço nos ponteiros
Dos teus botões

Teus cabelos soam
O alarme do lapso
Do meu beijo.