Os poemas foram publicados para votação sem nome do autor e
sem ordem de classificação.
1
Flor(e)Ser
A cada seis meses
tudo muda.
Esperei mais de seis,
primeiro foi a semente,
depois a raiz.
Com o tempo
veio o tronco,
os galhos
e a copa.
Floresceu, cheirosa.
Linda
e formosa.
Mas em seis meses
chegou o outono.
As folhas secaram
e cairam.
No inverno
já não sobrava nada
apenas galhos secos.
Hoje nossa árvore foi cortada
a cada noite fria
eu corto um pedacinho.
Ainda tenho o calor
do nosso amor
na lareira.
2
O outro e os pássaros
O outro é o irmão amparado
na cruz;
o outro é a bagagem de amor
e de sonho contra a canção
do abismo;
o outro é o tempo líquido na
mão direita, o sol na pele
da verdade;
o outro é o espelho,
os cães caçando,
o coração do pássaro azul
voando pela janela;
o outro é a ponte
sobre o desfiladeiro;
a lâmpada acesa
na casa
escura;
o campo de trigo sob a chuva;
a árvore cheia de pássaros e frutos;
uma rua sem nome, quando os caminhos foram
desfeitos;
o outro é você mesmo, seu sonho e
sua história, sua vocação para a eternidade.
A
árvore da literatura
A
árvore da literatura
Plantada
na humanidade
O
autor imprimiu assinatura
Regada
por toda eternidade
Na
primavera gerou flores
Frutificou
versos formidáveis
As
folhas de variadas cores
Seguras
em raízes confiáveis
O
outono secou os galhos
Melancolia
típica da estação
Mas
não pararam os trabalhos
Das
frutas secas sobre o chão
Uma
semente ali germinou
Insistiu
com a sua teimosia
Em
solo fértil brotou
Um
lindo “Pé de Poesia”.
Árvore
(Aldravias)
I
semente
casulo
chão
acolhida
terra
útero
II
solo
gesta
mistério
devir
de
árvore
III
broto
frágil
preâmbulo
vergel
vida
renovada
IV
zelo
viço
esperança
verde
quero-te
verde
V
ascensão
vereda
do
sol
luz
calor
VI
tronco
vigor
galhos
folhas
flores
frutos
VII
sombra
alimento
oxigênio
futuro
planeta
grato
VIII
fauna
a
lanço
novas
sementes
re-ciclo
5
Arborescência
Fui semente!
Brotei.
Ganhei tronco
E membros.
Ramifiquei.
Em minha arborescência
Adquiri consistência.
Da minha árvore genealógica,
Cultivei a essência.
Plantado em solo fértil,
Vislumbro arvoredos
E passaredos.
Gero bons frutos,
Colho seus desfrutes.
Hoje sou homem-árvore
Provido de um norte:
Raiz forte fincada no passado;
Caule espesso elevado ao presente;
Galhos e mais galhos estendidos ao
céu,
Como braços e abraços em copa,
Protegendo a vida,
O futuro em dossel.
Árvore
cigana
Partida,
você é textura e memória.
Escorreu
pelos galhos
das minhas mãos
Seguiu
destino cigano
daqueles que só respiram sem raiz.
Permaneci
sob o humor do tempo
Galhadas
abertas,
árvore em oração.
Implorei
um único milagre
Supliquei
a tua volta
Amaldiçoei
o teu futuro
O tempo
me fez sombra sem frutos.
7
Esperança
Das
torres do rádio ao calor do chão
Carrego
doze palavras de dor em meu coração
Uma
delas é revolta, outra é guerra e as outras se vão
Se
perderam ou esqueci pois uma árvore vejo em minha direção
Seu
nome, Esperança, para todos aqueles que serão
Donos
do próprio destino que só fazem o uso da razão
8
Triste bosque
Ao longe a neblina
Luminosidade baixa
Brumas em lento movimento
Árvores adormecidas
Folhas caídas
Galhos cansados
Vale abandonado
Hoje nada faria
O que via talvez
Nem mesmo existia
O vento poderia apagar
A chuva poderia levar
A imagem triste
Daquele bosque morto
Onde havia um dia
Um coração que palpitava
Com certa alegria
9
Tempo
Folhas secas,
O chão de outono
As árvores tecem ...
10
No horário de almoço,
deitava sempre debaixo
daquela sombra fresca
e miúda.
As frondosas vizinhas
não sabiam mas
a não-árvore, quase arbusto
suspirava feito poeta.
E a menina deitada
com o caderno na mão
escrevia
a sua própria história.
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