sábado, 18 de outubro de 2014

Classificados - Desafio Setembro-Outubro 2014
-não estão em ordem de classificação-

Miniconto


-1-

Sonho de consumo


Feliz, no meio do pé de vento, o Saci-Pererê achou um pé de sapato novo.

-2-

 A diversão do vento

Ignorou o vento suave. Saiu da sala e deixou as janelas escancaradas. Quando voltou, espantou-se. Torceu o nariz. Sabia que teria muito trabalho. Aquela brisa, considerada inofensiva, se divertiu. Fez os documentos bailarem sobre a mesa.


-3-

Mar

 O vento misturou-se ao ar salgado. Tirou a borboleta para dançar. Soltou os meus cabelos e trouxe á minha alma, toda a calma que podia carregar.


-4-

CONTO DO VENTO DO AMANHECER

Era preciso amanhecer e o vento soprava no meu rosto. O sono pesado como uma pedra de basalto insistia em me pregar no chão. Não poderia sucumbir outra vez e mais outra. Amigo vento, socorro.   



-5-

E ele mesmo – o pobre menino – era o vento que uivava; debaixo das pontes, por cima dos telhados, que se escondia nas cavernas da humanidade. Sem direção ou visibilidade. Somente ouviam-no quando – o pobre menino – roubavam-lhe o sossego. 


-6-

Ventania

Se você ventar mais um pouco por aqui...  Eu juro: Vai levar meu coração.


-7-

Hurricane me

            Começou como um sussurro, mas terminou como um vento voraz a consumir-lhe toda a história, memória e sentimentos, quando a mulher moribunda, em seu leito derradeiro, lhe confidenciou a paternidade de sua filha.

-8-

PENSAMENTO LEVE

Sem aviso, o vento levou o chapéu de sua cabeça, que foi parar do outro lado da rua.
Era o terceiro que voava naquela semana.
Resolveu não colocar mais nada na cabeça que pudesse voar.


-9-

A jovem alma desvendava antigos livros. Sentindo o gosto das palavras na boca e as batidas do coração. Uma seca pétala de rosa surgiu entre as páginas. O vento soprou na janela e fez voar a lembrança esquecida. Um sorriso surgiu entre rugas no olhar.



-10-

Vento: O Sopro Rebelde da Liberdade

Escrevi-se ao vento, quando o silencio permite deixar na eternidade as falas contidas, pois voltará carregado de nuvens chorosas, pétalas de um florir entristecido, que o tempo bordou de primavera. O vento é o espírito do infinito, sopro rebelde da liberdade.








terça-feira, 14 de outubro de 2014



Classificados - Desafio Setembro-Outubro 2014
-não estão em ordem de classificação-

Poesia 


1

INVASÃO

Solta os cachorros para a
                                       procura,
mas não se encontra entre as
                                             pedras
ou entre os bois ou nos olhos
                                                que
calam à noite ou nos vitrais
do tempo incandescente ou
na fúria do vento  ou   debaixo
das moscas que derruem o
                                     tempo
e as feridas ou na distância dos
corvos ou na prefiguração da
                                      aurora
ou no labirinto do corpo. Ó,
                                       ladrões
de fogo, arrastando os ferros
como uma cauda de dragão. E
a rebelião caminha, mas não
se encontra, dentro de garrafas,
uma outra linguagem e que
na solidão povoa.  

-2-


no princípio



no princípio era o ar
pra gente respirar

veio a brisa e me disse
           eis o vento 

e logo que gritou

         rede
mo
         inho

pé de v e n to    e   v e n t a n i a

voltei pra caverna
me abrigando
pois virou 

tu

   fão TOR

na                  do
          ci
clo
           NE
                       fu
ra
         CÃO

-3-



Ventania de poesia

O vento tanto leva como traz
No sopro percebe-se a sensibilidade
Descendo num paraquedas voraz
Flutuando nas asas da liberdade

O prazer sentido na brisa
Respira transpirando as emoções
Do poeta ou da bela poetisa
Na ponta dos dedos corações

O deus Atrasou Odisseu
Nosso essencial quarto elemento
Tornado de emoção invadiu Romeu
A poesia é como o vento

Na partida retorna o regresso
Vai e volta da ventania
A vela da embarcação o “Verso”
O vento é com a poesia.


-4-

FUNERAL

Quando o caixão
e as lágrimas descem,
rumo ao esquecimento,
até as velas ofertadas
são apagadas pelo vento.

O que fará, então, às flores
a implacável ação do tempo?

-5-

Ó vento...

Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar
O tempo que passou
Nada dura para sempre
O tempo que nos levou
Num breve instante, der repente

O vento que passou
Preso nos braços do mar
Quis amar quem tanto amou
Outro alguém foi abraçar
Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar

O tempo diz ao vento
Nunca é tarde para amar
Ó vento ainda lembro
Outro alguém fui encontrar
Ó mote diz ao norte
A vida que tenho para dar
Vou para sul diz a sorte
Esse amor vou desejar

Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar
O passado já passou
O futuro ai vem
Ganha quem mais amou
Por gostar de alguém

O vento tudo levou
O tempo já não conta
Por amor tudo deixou
Ao passado já não volta
Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar.


-6-

Novo destino 

Eu cansei de escrever cartas de amor
Escreverei portanto sobre o vento
Sobre esta brisa calma, este momento
Que me faz esquecer o anterior

Tentei me apaixonar, não vi provento
Por isso me afastei desse setor
Agora sou poeta, meu leitor
Encontrei na amargura meu talento

Com traços tortos, ponho no papel
Aquilo que me trás admiração
E ao resto eu digo: não me causa mal

De hoje em diante vou viver melhor
Só me importarei com minhas estrofes
E assim darei adeus ao que é banal


-7-

gosto de escrever

uma porta adentro,
afora um momento.
no rosto, vento, lento.
palavra em lamento
invisível
molhável
olho do tempo
carrega o ar
sofreguidão
sem respirar.
vento acústico
inodoro.
ao sabor dos ventos
de memória
de história
de agora.


-8-

Esse veneno vence?


Vivo para ver você voltar
Você vai vir?
Ou não virá?

Vacilo ao tentar dar vazão
Ao vício sem vacina
Que é você

Vasculho a vastidão
Da minha cabeça com veemência
Vendo se o teu veneno
Venceu.

Na varanda o vento venta
no meu varal.
Tia Vera vem me visitar
No verão.

E você?
Vai voltar
E viver a vida
Comigo?


-9-

VENTO

Vento sul, passa pelos cabelos longos
passeia pela pele dele como caracol.

Vento Norte, esfria as mães e gela a
alma até os pés com uma sensação
de êxtase.

Vento Oeste que escorre pelas
veias quentes do desejo e transforma
seu corpo rijo em amor e sexo.

Vento Leste, teus olhos encontram
os dela e a espuma misturada ao vento
e ao cheiro do amor, transforma o ato sexual
em bruma.

-10-

A MOÇA E O VENTO

       ah a primeira moça de minissaia
                eu me lembro eu me lembro
                                      seu nome luzia 
                                                impávida
                     por um e(terno) momento
                    venceria sempre o tempo
                           (jamais envelheceria)  
                    dançava sempre ao vento
                                               nos bailes
                                          nas calçadas
                                              nas praças
                                              nas praias
                                              nas noites
                                              nas tardes
                                                                             super estreladas                                           
                       nas minhas lembranças
                          no meu velho coração    
                      que sempre ao (re)vê-la 
                               também remoçava
                                         ah minissaia
               eu me lembro eu me lembro  
             eu ardia eu ardia eu pensava                  
                                   tomara que caia
                                   tomara que caia