Classificados - Desafio Setembro-Outubro 2014
-não estão em ordem de classificação-
Poesia
1
INVASÃO
Solta os cachorros para a
procura,
mas não se encontra entre as
pedras
ou entre os bois ou nos olhos
que
calam à noite ou nos vitrais
do tempo incandescente ou
na fúria do vento ou debaixo
das moscas que derruem o
tempo
e as feridas ou na distância dos
corvos ou na prefiguração da
aurora
ou no labirinto do corpo. Ó,
ladrões
de fogo, arrastando os ferros
como uma cauda de dragão. E
a rebelião caminha, mas não
se encontra, dentro de garrafas,
uma outra linguagem e que
na solidão povoa.
-2-
no princípio
no princípio era o ar
pra gente respirar
veio a brisa e me
disse
eis o vento
e logo que gritou
rede
mo
inho
pé de v e n to e v e n t
a n i a
voltei pra caverna
me abrigando
pois virou
tu
fão TOR
na do
ci
clo
NE
fu
ra
CÃO
-3-
Ventania
de poesia
O
vento tanto leva como traz
No
sopro percebe-se a sensibilidade
Descendo
num paraquedas voraz
Flutuando
nas asas da liberdade
O
prazer sentido na brisa
Respira
transpirando as emoções
Do
poeta ou da bela poetisa
Na
ponta dos dedos corações
O
deus Atrasou Odisseu
Nosso
essencial quarto elemento
Tornado
de emoção invadiu Romeu
A
poesia é como o vento
Na
partida retorna o regresso
Vai
e volta da ventania
A
vela da embarcação o “Verso”
O
vento é com a poesia.
-4-
FUNERAL
Quando o caixão
e as lágrimas descem,
rumo ao esquecimento,
até as velas ofertadas
são apagadas pelo vento.
O que fará, então, às flores
a implacável ação do tempo?
-5-
Ó vento...
Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar
O tempo que passou
Nada dura para sempre
O tempo que nos levou
Num breve instante, der repente
O vento que passou
Preso nos braços do mar
Quis amar quem tanto amou
Outro alguém foi abraçar
Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar
O tempo diz ao vento
Nunca é tarde para amar
Ó vento ainda lembro
Outro alguém fui encontrar
Ó mote diz ao norte
A vida que tenho para dar
Vou para sul diz a sorte
Esse amor vou desejar
Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar
O passado já passou
O futuro ai vem
Ganha quem mais amou
Por gostar de alguém
O vento tudo levou
O tempo já não conta
Por amor tudo deixou
Ao passado já não volta
Ó vento leva o tempo
Não posso mais ficar
Ó tempo lembra o vento
De outro alguém por amar.
-6-
Novo destino
Eu cansei de escrever cartas de amor
Escreverei portanto sobre o vento
Sobre esta brisa calma, este momento
Que me faz esquecer o anterior
Tentei me apaixonar, não vi provento
Por isso me afastei desse setor
Agora sou poeta, meu leitor
Encontrei na amargura meu talento
Com traços tortos, ponho no papel
Aquilo que me trás admiração
E ao resto eu digo: não me causa mal
De hoje em diante vou viver melhor
Só me importarei com minhas estrofes
E assim darei adeus ao que é banal
-7-
gosto de escrever
uma porta adentro,
afora um momento.
no rosto, vento, lento.
palavra em lamento
invisível
molhável
olho do tempo
carrega o ar
sofreguidão
sem respirar.
vento acústico
inodoro.
ao sabor dos ventos
de memória
de história
de agora.
-8-
Esse
veneno vence?
Vivo para ver você voltar
Você vai vir?
Ou não virá?
Vacilo ao tentar dar vazão
Ao vício sem vacina
Que é você
Vasculho a vastidão
Da minha cabeça com veemência
Vendo se o teu veneno
Venceu.
Na varanda o vento venta
no meu varal.
Tia Vera vem me visitar
No verão.
E você?
Vai voltar
E viver a vida
Comigo?
-9-
VENTO
Vento
sul, passa pelos cabelos longos
passeia
pela pele dele como caracol.
Vento
Norte, esfria as mães e gela a
alma
até os pés com uma sensação
de
êxtase.
Vento
Oeste que escorre pelas
veias
quentes do desejo e transforma
seu
corpo rijo em amor e sexo.
Vento
Leste, teus olhos encontram
os
dela e a espuma misturada ao vento
e
ao cheiro do amor, transforma o ato sexual
em
bruma.
-10-
A MOÇA E O VENTO
ah a primeira moça de minissaia
eu me lembro eu me lembro
seu nome luzia
impávida
por um e(terno) momento
venceria sempre o tempo
(jamais envelheceria)
dançava sempre ao vento
nos bailes
nas calçadas
nas praças
nas praias
nas noites
nas tardes
super
estreladas
nas minhas lembranças
no meu velho coração
que sempre ao (re)vê-la
também remoçava
também remoçava
ah
minissaia
eu me lembro eu me lembro
eu ardia eu ardia eu
pensava
tomara que caia
tomara que caia
tomara que caia
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