Minicontos -Desafio Novembro-Dezembro
Não estão em ordem de classificação. Votação do dia 21 ao dia 26 de dezembro
1
DIA D
Evandro Furtado
Eu corro feito louco. De ambos os lados homens caem. Seu
sangue mancha a areia branca da praia. Balas zunem como moscas doentias sobre
nossas cabeças. O céu está vermelho. É o Sol que se põe no horizonte ou o
firmamento está refletindo o mar?
2
UM
DIA VERMELHO
Elias Antunes
Tudo
que via naquelas horas era a cor vermelha. Sentia-me como um touro furioso e
pronto para ser morto, mas antes investiria contra tudo que refletisse o
vermelho de seus olhos.
3
Vermelho Safo
Thaís Ribeiro
O vermelho
era a cor do seu caso. Era vermelho o sangue que lhe escorria entre as pernas e
proibia a boca da outra, era vermelha a manhã em que despertavam de longos
sonhos lascivos, era vermelho o sutiã no chão, eram vermelhas as rosas, o
silêncio que perdura é também vermelho.
4
FÚRIA
MARIA DA GLÓRIA JESUS DE OLIVEIRA
O vermelho derramou-se nos olhos do homem, cegando-o. A faca
seguia o rumo, acertando o objetivo. Somente parou quando fustigava o ar. No
chão, os olhos arregalados não mais viam o azul do céu.
5
O peso da modernidade
Rui Werneck de
Capistrano
Sofrendo de obesidade
mórbida, Drácula só ataca modelos anoréxicas — Precisa sangue diet.
6
“Embrulha em jornal pra madurar...”
José
Siqueira
Já
adulta, a moça insistia em colorir os corações que desenhava de verde, ao invés
do old fashioned vermelho. Não mais
por daltonismo. Mas por esperança.
7
DE ROSAS E
SANGUE
Cilene Chakur
O vermelho das rosas fez-se sangue. O
bouquet se enterrara em seus braços e mãos. Eram duas mulheres. Em nada
combinavam, nem no amor. Ouviu a porta bater e correu a trancá-la. O sangue,
ainda desperto, foi colorir a chave. Rosas no chão. Quietude na noite.
8
Reencontro
Cláudio da Cruz Francisco
A
saudade estava exposta em seus olhos nublados. A cada pétala que descia pelas
ruas do seu rosto, nascia uma dose de esperança. Debruçada na janela, sentiu a
alegria decorar sua face, quando o viu, trazendo um bouquet vermelho, que
marcaria aquele reencontro.
9
200 adeuses
Denivaldo Piaia
Denivaldo Piaia
No verde parou;
No amarelo pensou; No vermelho passou. Esqueceu que estava no volante.
Pensou em 200
adeuses que gostaria de dar. Céu virou carmim antes de escurecer no
silêncio.
10
Petronilha Alice Meirelles
Toalha tecida com fiapos
prateados, duas taças tintas pelo vinho. Entorpecida pelo silêncio, adormeci.
Ao acordar vi o chão tinto de sangue pelo vinho derramado, que misturava-se com
minhas lágrimas machucadas de vermelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário